sábado, 12 de junho de 2010

                           UM



   Da minha mente borbulhavam pensamentos, lembranças que agora transbordavam. O começo e o fim ainda conseguia ver e confesso que ele se repetia infinitas vezes como se fosse um filme do qual eu não conseguia desligar, sem nenhuma pausa ele ainda se repete mesmo sem que eu queira e eu ainda posso ver o começo e o fim. As lágrimas que escorriam pelo meu rosto arranham a minha face, mais o que mais sofria era meu coração que congelava sem um abraço sincero, sem os teus lábios tocando aos meus com aquela doçura e me fazendo me sentir protegida. É assim que as lembranças ruins me faziam me sentir, mais ao fim de tudo todos nos ficamos gratos, mesmo que sem razões, mesmo que sem querer, ficamos gratos! Gratos por saber que já passou, que mesmo que nada tenha sido verdade, ainda sim grata estou por que foi especial pra mim!
   Existem dois tipos de pessoas no meu mundo: Os de sorrisos falsos e sentimentos vazios, e os de sorrisos verdadeiros e sentimentos fartos! Por trás daqueles que se diziam inocentes de repente descubro culpados! E é algo forte para se dizer a alguém que amo, mais é a mais pura verdade que pude notar ao passar do tempo! Deus me fez ver que ele não é cruel, nós somos!
   Estou no ónibus, indo para casa. Tive um dia cheio e estou muito cansada e apesar desses vários pensamentos passarem pela minha cabeça sem permissão, ainda quero só pensar em minha cama e mais nada.
   Consigo ouvir as pessoas falando ao meu redor, muitas delas contam praticamente toda sua vida ao telefone e não é preciso que elas expliquem para que eu pudesse entender!
   Este parece ser mais um dia frio e chuvoso de Julho, um frio insuportável eu diria! E é como se ele tivesse mãos e pudesse me tocar! Ele arrepia até meus pensamentos e me faz gelar por dentro, esse frio sombrio que me da medo e me lembra dias tristes, lembranças do meu passado, como quando passei por uma rua deserta por baixo de nuvens carregadas, em um dia muito chuvoso como o de hoje! E lembro-me que tive de curar feridas infernais naquela época, que fazia muito pouco tempo que implantaram as em meu coração amargamente.
Às vezes me pego lembrando-me de como eu estava feliz naquele dia, mais também de como foi cruel saber que todos os sorrisos desse dia feliz foram apenas sorrisos falsos, sentimentos vazios. E o que era ainda pior era que elas ainda estavam ali, as lembranças!
   Acabo de chegar ao terminal e ao descer do ónibus vi uma senhora de uns cinquenta e poucos anos e cabelos muito grisalhos a quem dei meu lugar durante o percurso, chorar sem para depois de receber um telefonema. Ouvi as seguintes palavras antes que as inúmeras gostas d’água pudessem cair “ele está morto? Não pode ser verdade, eu não posso acreditar! Por todo esses anos ele tem sido a razão de eu ainda continuar viva e agora... Ó meu Deus!”. Quando ouvi isso, me passou um prevê filme da vida da senhor que eu desconhecia pelo qual a senhora ao meu lado chorava desesperadamente! E imaginei os dois, mais só que ela um pouco mais nova. Ainda uma moça! Devia ter uns 18 anos no meu pensamento, era toda marcada pela vida cruel que provavelmente estivera a viver por todos aqueles longos anos de sua vida.
   Ela tentava se matar se jogando de um prédio e olhava para o rapaz que ao seu lado estava, que no caso o falecido. Implorava para que a deixasse morrer em paz e dizia: “em poucos minutos tudo estará acabado e enfim ninguém mais poderá criticar sobre o que eu faço e quando faço! Eu poderei respirar aliviada quando toda essa tortura constante tiver acabado”. Mais ele não quis ouvi-la e desobedeceu suas ordens segurando-a bem firme pela cintura de pilão e a puxando para perto dele, onde os pés dela pudessem tocar o chão novamente e se prender a lei da gravidade.
   Dava pra notar que ela não ficou nem um pouco contente com a reação do rapaz, mais sei que ao mesmo tempo ela não queria dizer nada que pudesse magoar a ele, ainda mais com aquelas ironias que ela não conseguia evitar lançar a cada conversa que tinha com alguém que a tentava corrigi - lá!
   Enquanto na minha mente aparecia esse filme que eu inventara sem querer, abriram-se as portas do ónibus em frente a antiga rua óquines e antes que eu pudesse terminar meu pensamento a senhora do meu lado se levantou sem que eu percebesse e se foi, me bateu uma curiosidade incontrolável de saber se tudo que pensei fazia algum sentido, mais talvez nunca tivesse.
   Às vezes minha mente perambula em caminhos que eu não entendo e alguns medo me tiram a pouco coragem que eu tenho. Ao sair na rua fico o tempo todo me perguntando pra onde todos aquelas pessoas estão indo, o que fazem da vida, como se sentem, o que elas vêem quando olham pra mim e acredite isso é o que me da mais medo! O que elas pensam?
   Enquanto não encontro respostas pra isso fico fitando as ruas desertas tentando encontrar no canto da janela do ónibus a velha loja dos Murrays chegando. Era la que minha viajem chegava ao fim todos os dias.
   Desci em frente à loja de doces dos Murrays como todos os dias. No fim da rua vindo em minha direção eu vi Alice Begollic. A garota que todos falam mal pelas costas! Acho que ela nunca soube, porque se soubesse não agiria assim, ela é do tipo estourado, se irrita com qualquer coisa, se bobear até com o cabelo dela bagunçado quando acorda.
   Ela passou por mim como muitas e muitas vezes que passara sem dizer absolutamente nada, sem um oi ou um sorriso nos lábios. Simplesmente finge que eu não existo ou que não me conhece! Conheço-a desde pequena, nunca fui de muito papo com ela então não chego a criticar o modo como ela finge que eu simplesmente sou invisível. Gosto de observá-la, mais é claro que têm outros que são mais interessantes para me deixar focada em descobrir o que pensam e sem duvida não é ela.
   Sua mente oca e pensamentos fúteis não me impressionam, mais ela não parece mais uma, de alguma forma é diferente e isso me intriga me faz querer entender porque sem conseguir.
   Agora eu me encontrava parada na causada exatamente de frente para um sobrado de esquina que ficava do outro lado da rua, olhei por cima daquele portão todo fechado mais uma vez e fiquei espiando por entre uma porta iluminada com uma luz fraca que provavelmente devia ser do computador que ainda estaria ligado. Estava praticamente tudo escuro o que significava que todos deviam estar dormindo neste momento. Menos minha irmã é claro! Pensei que ela poderia estar na frente do computador ainda e isso explicava a iluminação que vinha da porta na sacada.
   Peguei minha chave no fundo do bolso do sobretudo enquanto um carro descia a rua de minha casa e virava para direita. Olhei para os dois lados da rua e atravessei, ao passar pelo quintal me assustei com uma gata que invadira meu quintal, entrei logo dentro de casa, estava escuro, frio e eu já estava muito cansada.
   Dentro de casa tudo permaneceu um completo silêncio como em todos os dias que eu chegava da escola, sumi as escadas e passei pela sala olhando para mesma porta que havia visto um luz, percebi então que eu estava certa, era mesmo o computador ligado só que não havia ninguém sentado nele. Joguei minha bolsa por cima da cama e fui até o computador chegar meus e-mails antes de dormir.
   Eu estava quase dormindo na frente do computador mais mesmo assim não ia conseguir ir dormir sem ver antes meus e-mails.
   Abri a caixa de e-mails e a caixa de e-mails estava totalmente vazia, aproveitei para descer até a cozinha e preparar algo para comer antes de dormir, quando voltei ouvi o computador fazer um barulhinho de nova mensagem e então fui ver de quem era e o que dizia.

   De: Alice Begollic
    Para: Kaluly Mattjie

    Estou aqui para lhe fazer um convite! Vou viajar com alguns amigos meus para callinton amanhã à noite. Minha mãe veio cheia de cerimonias comigo dizendo que eu só iria até la se fosse com alguém que ela conhecesse e quando encontrei com você na rua pensei que seria legal fazer lhe este convite, acho que seria bom para você fazer novas amizades e tirar um pouco a cabeça de cima de todos aqueles livros.
    Ligue-me após ler este e-mail. Aguardo sua resposta!

    Este então foi o momento em que eu me perguntei para mim mesma se eu iria e é claro que minha resposta foi não. Primeiramente porque não fazia sentido algum ir para tão longe só por causa da Alice, ela mal gostava de mim e estava na cara que aquilo tudo ia ser uma grande furada. Mais como de costume eu sabia que ela não desistiria tão cedo então fui me deitar me preparando para ouvir ela me chamar outra vez de diferentes formas. Sabendo que provavelmente ela não conseguiu arranjar outra pessoa para ir com ela e eu seria quem iria receber o convite de ultima esperança. O que é lamentável.

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ATENÇÃO! Estou escrevendo a continuação do capítulo UM. Talvez demore algum tempo para ficar bom, no máximo uma semana ou até menos que isso.

            novas postagens: em breve! Beijinhos ;*
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